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Caio Ribeiro e a mediocridade dos diferenciados e bem nascidos

Menon

18/09/2014 12h04

O Botafogo perdeu para o Bahia e Sheik disse que a CBF é uma vergonha. Ver-go-nha, bem ao estilo Boris Casoy. Emerson Sheik foi expulso e repetiu a midiática acusação. Depois da sua expulsão, o Bahia virou o jogo. Gostaria muito – e torço para que ele faça isso – que Sheik explicasse os motivos da acusação. Assim, ela ficaria muito mais forte. Torço para que faça, defendo seu direito de fazer e temo por uma suspensão que considerarei injusta.

Não é o caso do jornalista Caio Ribeiro. Ele não defende a CBF, ele apenas – e isso é assustador – quer impedir Sheik de falar. O motivo? A hierarquia precisa ser respeitada. Hierarquia é para instituições como Igreja e Exército. Elas não se sustentariam se não houvesse hierarquia. E se um padre resolvesse casar homem com homem e se um cabo resolvesse usar cabelos como Mick Jagger? Nada contra, mas teriam de sair da Igreja e do Exército. Casamento de homem com homem dever ser garantido pelo Estado e não pela Igreja. Sou completamente a favor.

Se o pensamento de Caio Ribeiro prevalecesse e a hierarquia prevalecesse sempre, como se fossem as margens de um rio impedindo as águas de seguirem seu caminho, como seria o mundo de hoje?

Os EUA não seriam um país. Afinal, a Guerra da Independência só se fez quebrando hierarquia. A mais cruel delas, do Império contra a Colônia. Brasil ainda pertenceria à Portugal.

A França seria uma monarquia. A hierarquia seria mantida e não teria havido a Revolução Francesa. Como reagir à realeza, que se considera apta a governar por direito divino?

Haveria escravidão no Brasil e no mundo? Quando a Princesa Isabel assinou a libertação dos escravos foi pelo acúmulo de luta de muita gente que quebrou a hierarquia e morreu por isso. Zumbi dos Palmares, por exemplo.

E Tiradentes, Caio? O Herói da Pátria quebrou a hierarquia? Você gosta de votar, Caio? Não conseguiria se o povo brasileiro não houvesse enfrentado os militares na campanha das Diretas Já. Hierarquia quebrada.

O título inicial desse post não tinha a palavra mediocridade. Ela entrou para substituir pequenez.

Eu ia dizer que um jornalista como Caio Ribeiro, ex-jogador com ensino acima da média de tantos companheiros de profissão, com facilidade de expressão, com verbos bem colocados, com pronomes corretos deveria ser solidário com Sheik e não com a CBF. Deveria estar com um seu igual e não com o patrão.

Eu percebi que estava errado. Se falasse em pequenez, eu estaria partindo do princípio que Caio sabe que há coisas erradas na CBF e que preferiu se omitir. Que ele não fala nada porque está na Globo e a Globo é ligada à CBF.

Não é isso. Ele deve achar que está tudo certo. É mediocridade mesmo. Caio nunca falou nada sobre nada. Pensa igual Marinhos e Marins.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.